Conclusão

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Chegamos ao fim da nossa viagem pelos treze anos da permanência da corte portuguesa no Brasil. Quem diria que os fatos ocorridos a 200 anos atrás iriam virar um blog? Quem diria que um trabalho interdisciplinar no 1º ano seria tão proveitoso?

Já vimos que a chegada dela trouxe inúmeras inovações e transformações áquele antigo Brasil colônia. Mas para nós foi mais do que isso. Foi um aprofundamento, não só histórico, na raízes da nossa sociedade atual. Por meio deste; foi possível reconhecer um enredo digno de Hollywoood no início de Revolução Pernambucana, um rombo nos cofres públicos com o retorno de Dom João VI para Portugual e tantas outras situações que refletiram na construção do Brasil atual.

Além do crescimento do conhecimento, houve crescimento pessoal no trabalho em grupo com troca de experiência com outros "blogueiros". Esse trabalho, que de início desagradou a todos, foi muito válido. Devemos ainda o agradeciemento especial ás professoras de história Patrícia e Silvana, que foram as percursoras deste recurso no CMPA.


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A mudança de hábitos com a chegada da corte

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A chegada da corte portuguesa ao Brasil trouxe diversas mudanças ao nosso povo. A Família Real Portuguesa trouxe consigo uma cultura diferente, que logo teve influência sobre os hábitos brasileiros, em aspectos comportamentais, sobre a indumentária e a moda. Uma das resoluções mais importantes de D. João VI foi a abertura dos portos brasileiros às "nações amigas". Com isto, o Brasil foi invadido por uma infinidade de produtos importados e principalmente, ingleses. Eram tecidos, roupas, chapéus, bengalas, acessórios em geral, coisas úteis e inúteis. Mesmo assim, a aristocracia local continuou a ser criticada pelos viajantes estrangeiros pela sua falta de elegância e bom senso ao vestir-se.
A Corte Portuguesa nunca foi exemplo de elegância entre as nações européias. Os nobres se contentava em copiar as modas das nações mais poderosas e que tinha mais influência , como Inglaterra, França, Veneza e outras cortes italianas. Além disso, os mercadores que vinham vender seus produtos no Brasil empurravam o que lhes convinha para os cavalheiros e damas. Os brasileiros estavam irremediavelmente defasados em relação ao que se usava na Europa. Sem falar que o gosto exagerado pelo luxo (jóias, brocados, tecidos caros) já estava enfatizado em nossa classe dominante. Precisamos entender melhor esta avidez por parecer nobre e ser diferente do resto da população pobre. Na época, o mais importante era se apresentar como a princesa. As mulheres estavam orgulhosas de terem presenciado de perto como a nobreza européia se vestia. Porém, um episódio que deu o que falar foi o desembarque da princesa Carlota Joaquina e das damas da corte no Rio de Janeiro. Por estarem sofrendo de um surto de piolhos, as damas desceram das embarcações com os cabelos raspados ou muito curtos, com turbantes envolvidos em suas cabeças. No dia seguinte, as senhoras locais aderiram à "moda" e apareceram de cabelos curtos e turbantes.O penteado novo demonstrava que elas faziam parte de um grupo próximo ao de Carlota Joaquina. Não se importavam se o visual da princesa havia sido causado pelos piolhos. Em tempos de globalização, em que podemos acompanhar e copiar as mudanças de visual das celebridades em tempo real, fica difícil entender o comportamento dos nossos antepassados.
A mudança também surgiu nos hábitos alimentares. Começaram a aparecer as guloseimas européias e o cardápio começou a sofrer transformações. Por isso, podemos dizer que hoje a gastronomia brasileira é uma das mais ricas do mundo, porque, além de utilizar a imensa variedade de alimentos disponíveis no Brasil, muitas plantas ainda foram importadas da Europa e de outras regiões do mundo e se adaptaram perfeitamente às condições climáticas do país. O Brasil, assim, se tornou um dos países mais ricos do mundo em termos de diversidade gastronômica.

Porto Final

A esquadra de D. João VI ainda estava no nordeste quando chegou a notícia de que Napoleão deu seu último suspiro. Este foi o homem que praticamente tem toda a responsabilidade dos fatos descritos aqui e a evolução de toda a Europa. O legado de D. João VI pode ser caracterizado com a derrocada da monarquia e do império colonial português.

Não podemos esquecer que D. João VI enfrentou, sem armas e com sucesso, os exércitos de Napoleão e conseguiu preservaros interesses de Portugal e melhorar o Brasil. Durante sua passagem por aqui houveram mudanças profundas jamais vistas. Em poucos anos o Brasil passou de colônia fechada e atrasada a um país com integridade territorial e uma classe dirigente.
Alguns historiadores afirmam que se a corte não tivesse se transferido para o Brasil, provavelmente o território brasileiro da atualidade estaria fragmentado em vários pequenos países. Além disso, a Independência destes teria ocorrido bem mais cedo.


As conseqüências da divisão seriam várias:
*Nunca teríamos o poder e a influência que temos hoje.

*Brasília nunca teria existido.

*No Rio Grande do Sul, aprenderíamos que a Amazônia faz parte de um país distante situado ao norte.

*As diferenças econômicas regionais seriam maiores. Possivelmente o país no qual estivesse inserido Porto Alegre, controlaria a imigração dos vizinhos mais pobres.

Mas D. João VI, apesar de ter formado um império no Brasil, saiu daqui menos rei do que quando entrou e perdeu a nação brasileira para sempre com a Independência de 1822. "As portas fechadas durante trezentos anos estavam abertas de repente, e a colônia ficou fora do controle da metrópole", assinalou o historiador Alan K. Manchaster. O Brasil percebeu a existênciade um mercadomuito maiore mais promissor, reconhecendo que seu destino era maior e mais importante do que Portugal queria.

O quadro de Pedro Américo representa o grito de independência.



A Independência foi um processo feito pelos próprios portuguesesapartir da Revolução do Porto. As Cortes acreditavam que acabariam com o Brasil, mas se enganaram. Fortificaram o nosso país em todos os aspectos.

Todavia, o país ainda não estava pronto para seguir sozinho, para uma republica. Em 1822 houve uma rupturado domínioportuguês, mas não uma superação das divergências internas e da marginalização criada por três séculos de escravidão e exploração comercial.

Em nome da elite agrária , a escravidão foi mantida até 1888. Entretanto as divergências
regionais ainda reapareceram: em 1824 na Confederação do Ecuador, em 1824 na Guerra dos Farrapos e em 1932 na Revolução Constitucionalista. Em 1881, a lei Saraiva estabeleceu o voto direto, mas só 1,5 % da população tinha tal direito (somente a elite).

Essas heranças políticas permanecem até hoje na nossa vida. Um fantasma que vive até hoje na capital do Brasil.

A Física e a Astronomia no Brasil

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Desde antes dos europeus chegarem às Américas, os povos que aqui habitavam já faziam uso da física e da astronômia para otimizar suas vidas. Os índios da tribo Maku, por exemplo, que viveram na região do Rio Negro, no Amazonas , realizavam observações astronômicas fazendo relações entre o aparecimento das constelações às estações do ano e à variação do nível dos rios, segundo Peter Silverwood-Coppe. Todavia, seu modelo do Cosmos era totalmente místico.

Com a chegada dos colonizadores, chegaram também os jesuítas e suas escolas. No Brasil, foram dezessete colégios que ensinavam aos índios a cultura européia, incluindo a física aristotélica. Dessa maneira, uma visão geral da física foi implantada no país. Não haviam escolas de ensino superior na colônia. Por isso, até 1808, 2500 brasileiros estudaram na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde a física era apenas observada.

Quando a Corte mudou-se para o Brasil, houve a criação da Academia Real Militar (atual Instituto Militar de Engenharia), por decreto de Dom João: "[...] Hei por mim que na minha actual corte e cidade do Rio de Janeiro se estabeleça huma Academia Real Militar para um curso completo de Sciencias Matematicas, de Sciencias da observação quaes a Physica, Chimica Mineralogia, Metallurgia e Historia Natural." Esse decreto animou a todos que se interessavam em física e,principalmente, a astronomia no Brasil, pois assim teriam condições de evoluir seus estudos sobre as constelações que neste céu encontraram.

Todavia, ali somente era ensinado o que dizia respeito a engenharia militar. Houveram várias tentativas de criação de uma Universidade do Rio de Janeiro, pois a elite intelectual continuava sendo formada no exterior. O que se conseguiu foram faculdades isoladas sem vínculo algum com a busca de inovações e estudos aplicados.

Devido a toda insistência para a criação de faculdades de física e universidades, no inicio do século XX eis que surge, ainda sem nenhuma ligação a pesquisa, USP e UnB. Ambas instituições foram pioneiras na implantação de laboratórios de física no país, sendo que a última ainda seguiu um rígido controle para permanência no local.

Contudo ainda tiveram que "lutar" contra as persiguições da ditadura militar e até hoje o estudo da física e da astronomia ligado a pesquisa sofre diversas dificuldades no Brasil, sejam elas política ou econômicas.

Política

A transferência da corte pode ser tratada como um evento político que culminou no fim do sistema colonial e na independência brasileira.O Rio de Janeiro passou a ser sede do reino português assumindo importância sob colônias portuguesas e na aliança Portugal-Inglaterra, indo contra as pretensões napoleônicas.

Até 1808, o governo no Brasil, enquanto colônia, era vice reinados. A partir de então a administração passou a ser exercida diretamente pela coroa portuguesa, simbolicamente na figura de Dona Maria I.

O primeiro passo rumo à emancipação política ocorreu em 1815 com a mudança do Brasil à categoria de ¨Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve¨. Essa foi a forma encontrada pela dinastia dos Bragança perante o Congresso de Viena para não retornarem a Portugal. Neste mesmo ano, para alegria de D. João VI, Napoleão fora derrotado na Batalha de Waterloo, e o Congresso ascendeu como uma tendência absolutista sob toda Europa.

Portugal estava cada vez mais propício à idéias de liberais e revoltado com a ocupação inglesa, além da transferência de Órgãos Governamentais (os Ministérios, a Marinha, o Exército, o Conselho Ultramar e o Real Erário), Administrativos e de Justiça foram recriados: O Conselho de Estado, a Mesa de Consciência e Ordens, o Desembargo do Paço e o Conselho Supremo Militar. Assim a nobreza que veio para o Brasil sobreviveria graças a burocracia.

Em 1816, Dona Maria I falece e em 1818 D. João VI é aclamado rei. Este seria seu melhor ano. Carlota Joaquina havia sido desmascarada em seus planos de sabotagem e a região nordeste havia sido acalmada.
Em maio de 1817, chegava a Filadélfia (a então capital dos EUA) o comerciante Antonio Gonçalves Cruz, o Cabugá, um agente secreto de Pernambuco. Levava consigo o equivalente a doze bilhões de doláres de hoje. O agente estava lá para comprar armamento para combater as tropas de D. João VI, convencer o Governo Americano de apoiar a criação de uma república independente no Nordeste e recrutar antigos revolucionários franceses exilados para libertarem Napoleão. Assim o General lideraria a Reovolução Pernambucana.

Todavia, Cabugá chegou tarde de mais. A Revolução já havia terminado, fora motivada pelo descontentamento da burguesia nordestina com a centralização do poder e o crescente imperialismo britânico. Os senhores de engenho passavam por crises e estavam revoltosos com a presença inglesa na região. Tudo isso, somado a forte influência iluminista resultou na Revolução Pernambucana.
O movimento criou um governo provisório em Pernambuco, porém teve fim em maio. Na Bahia, as primeiras manifestações foram fortemente reprimidas pelo Governador. Após as rebeliões foram abertas investigações e quatro líderes revoltosos foram executados.

A corte conseguiu sufocar a revolução de 1817, mas o fantasma revolucionário voltou a assustar. Dessa vez em 1820 na cidade de Porto. As tropas rebeladas se declararam contra o domínio inglês. Três semanas depois esse sentimento chegou até Lisboa exigindo o fim do absolutismo monárquico.

No dia 27, na cidade Alcobaça, como já era previsto na constituição do regime monárquico português, fora convocado a Junta Provisional Preparatória das Cortes. A última reunião desta havia sido em 1698. Esse era um indício da ameaça ao poder inglês. Beresford foi impedido de desembarcar em Lisboa em sua volta do Rio de Janeiro e destituído de suas funções. Em seu lugar, formou-se a Junta de Governo.

General William Carr Beresford, o "governante" de Portugal.


As Cortes assumiram o papel de Assembléia tendo uma pauta extensa. A principal exigência delas era: a volta do rei a Portugal. Mas não eram apenas elas que desejavam o retorno. Os integrantes do Partido Português no Rio de Janeiro, Militares de alto posto, Funcionários Públicos e Comerciantes interessados na volta dos privilégios coloniais, exigiam o retorno.

A situação já estava insustentável. D. João VI vivia um dilema: ficava no Brasil e perdia Portugal ou retornava a Portugal e perdia o Brasil Dessa forma lhe veio a mente a idéia de enviar seu filho. D. Pedro não aceita, visto que sua esposa Princesa Leopoldina estava a dar à luz.

Então o rei partiu em 26 de abril de 1821 com a manutenção do Reino Unido. Isso a a Independência.

Ciência e Língua

Em meio a tantas crises e sanções que vinham ocorrendo na Europa, Dom João VI tem que estruturar o Brasil. Este país tropical torna-se então um refúgio para os chamados "viajantes". Estima-se que cerca de 266 destes estiveram em terras brasileiras realizando estudos. Foi nessa época que chegaram ao Brasil as missões anteriormente descritas.

Os viajantes ficavam boquiabertos com o analfabetismo e a falta de cultura aqui encontrada. Alguns chegavam a dizer que aqui não era lugar de literatura. "Na verdade, a sua total ausência é marcada pela proibição geral de livros e a falta dos mais elementares meios pelos quais seus habitantes possam tomar conhecimento do mundo e do que se passa nele, Os habitantes estão mergulhados em grande ignorância e sua consequência natural: o orgulho." afirmava o viajante inglês James Henderson em seus diários de viagem.

Para se ter uma idéia, o jornal Correio Braziliense era publicado e vendido somente na Inglaterra no inicio do século XIX, visto que não tinha leitores no Brasil. Quando a Corte chegou neste "Quinto dos Infernos", como diria Dona Carlota, encontrou um idioma português com heranças indígenas, iorubás (língua falada pelos nigerianos da época) e o quimbundo angolano. Até 1821, houve o reaportuguesamento da língua, principalmente nas cidades receptoras de viajantes.

Assim como na Europa, o Brasil vivia o movimento literário chamado Romantismo. Ao contrário do que foi no Europa, o movimento teve uma significação de ajuste e adaptação da cultura brasileira. Na medida que este rejeitava o mundo urbano-burguês e idealizava a natureza formava-se a identificação com a nacionalidade brasileira: as matas, os índios, a fauna e a flora. Assim tivemos a capacidade, com a ajuda dos expertos que aqui chegavam, e nos enxergarmos como um povo único, distinto dos portugueses, com nossos próprios escritores.

A abertura do país a esses estudiosos foi um verdadeiro salto quântico. Mas não era apenas o Brasil que estava se desenvolvendo. O mundo também. Enquanto isso, em Viena, Ludwig von Beethoven compunha sua Quinta Sinfônia, a música de fundo de nosso blog.





Litografia sobre desenho, de James Henderson, Biblioteca Nacional.

Vídeos

sábado, 16 de agosto de 2008

Foram adicionados na margem direita do blog, os vídeos da série 1808 - A Corte no Brasil exibidos no canal Globo News.
Caso não consiga visualizá-los, segue abaixo os links:

Um Reino sem Rei
08/12/2007


A travessia
15/12/2007

A chegada da corte
05/01/2008

A corte chega ao Rio
12/01/2008

A economia no tempo de D. João
19/01/2008

A política no tempo de D.João
26/01/2008

A corrupção no tempo de D. João
09/02/2008

O reino do saber
16/02/2008

Templo dos livros e da música
23/02/2008

As mulheres na corte
01/03/2008

D. Pedro I
08/03/2008

O retorno da Corte
15/03/2008

O Primeiro Banco do Brasil

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Quando?

O primeiro banco do Brasil foi fundado em 12 de outubro de 1808.

Quem fundou?

O rei D. João VI, porém a idéia foi do conde de Linhares que a sugeriu ao rei

Quais eram as funções?

*Visava a criação de indústrias manufatureiras no Brasil;
*Isenção de impostos para a importação da matéria-prima e para a exportação do produto industrializado;
*Servir ao Governo em algumas de suas transações financeiras de certa importância;
*Dar crédito (dinheiro) ao Governo em circunstâncias extraordinárias;
*Ser o quarto banco emissor do mundo, depois do Banco da Suécia (1668), Banco da Inglaterra (1694) e Banco da França (1800).

O que aconteceu com o banco:
D. João VI faliu, praticamente, quando sacou uma grande quantidade de dinheiro e retornou para Portugal.


100000 réis, Banco do Brasil, 1ª emissão, 1810