A transferência da corte pode ser tratada como um evento político que culminou no fim do sistema colonial e na independência brasileira.O Rio de Janeiro passou a ser sede do reino português assumindo importância sob colônias portuguesas e na aliança Portugal-Inglaterra, indo contra as pretensões napoleônicas.
Até 1808, o governo no Brasil, enquanto colônia, era vice reinados. A partir de então a administração passou a ser exercida diretamente pela coroa portuguesa, simbolicamente na figura de Dona Maria I.
O primeiro passo rumo à emancipação política ocorreu em 1815 com a mudança do Brasil à categoria de ¨Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve¨. Essa foi a forma encontrada pela dinastia dos Bragança perante o Congresso de Viena para não retornarem a Portugal. Neste mesmo ano, para alegria de D. João VI, Napoleão fora derrotado na Batalha de Waterloo, e o Congresso ascendeu como uma tendência absolutista sob toda Europa.
Portugal estava cada vez mais propício à idéias de liberais e revoltado com a ocupação inglesa, além da transferência de Órgãos Governamentais (os Ministérios, a Marinha, o Exército, o Conselho Ultramar e o Real Erário), Administrativos e de Justiça foram recriados: O Conselho de Estado, a Mesa de Consciência e Ordens, o Desembargo do Paço e o Conselho Supremo Militar. Assim a nobreza que veio para o Brasil sobreviveria graças a burocracia.
Em 1816, Dona Maria I falece e em 1818 D. João VI é aclamado rei. Este seria seu melhor ano. Carlota Joaquina havia sido desmascarada em seus planos de sabotagem e a região nordeste havia sido acalmada.
Em maio de 1817, chegava a Filadélfia (a então capital dos EUA) o comerciante Antonio Gonçalves Cruz, o Cabugá, um agente secreto de Pernambuco. Levava consigo o equivalente a doze bilhões de doláres de hoje. O agente estava lá para comprar armamento para combater as tropas de D. João VI, convencer o Governo Americano de apoiar a criação de uma república independente no Nordeste e recrutar antigos revolucionários franceses exilados para libertarem Napoleão. Assim o General lideraria a Reovolução Pernambucana.
Todavia, Cabugá chegou tarde de mais. A Revolução já havia terminado, fora motivada pelo descontentamento da burguesia nordestina com a centralização do poder e o crescente imperialismo britânico. Os senhores de engenho passavam por crises e estavam revoltosos com a presença inglesa na região. Tudo isso, somado a forte influência iluminista resultou na Revolução Pernambucana.
O movimento criou um governo provisório em Pernambuco, porém teve fim em maio. Na Bahia, as primeiras manifestações foram fortemente reprimidas pelo Governador. Após as rebeliões foram abertas investigações e quatro líderes revoltosos foram executados.
A corte conseguiu sufocar a revolução de 1817, mas o fantasma revolucionário voltou a assustar. Dessa vez em 1820 na cidade de Porto. As tropas rebeladas se declararam contra o domínio inglês. Três semanas depois esse sentimento chegou até Lisboa exigindo o fim do absolutismo monárquico.
No dia 27, na cidade Alcobaça, como já era previsto na constituição do regime monárquico português, fora convocado a Junta Provisional Preparatória das Cortes. A última reunião desta havia sido em 1698. Esse era um indício da ameaça ao poder inglês. Beresford foi impedido de desembarcar em Lisboa em sua volta do Rio de Janeiro e destituído de suas funções. Em seu lugar, formou-se a Junta de Governo.
General William Carr Beresford, o "governante" de Portugal.
As Cortes assumiram o papel de Assembléia tendo uma pauta extensa. A principal exigência delas era: a volta do rei a Portugal. Mas não eram apenas elas que desejavam o retorno. Os integrantes do Partido Português no Rio de Janeiro, Militares de alto posto, Funcionários Públicos e Comerciantes interessados na volta dos privilégios coloniais, exigiam o retorno.
A situação já estava insustentável. D. João VI vivia um dilema: ficava no Brasil e perdia Portugal ou retornava a Portugal e perdia o Brasil Dessa forma lhe veio a mente a idéia de enviar seu filho. D. Pedro não aceita, visto que sua esposa Princesa Leopoldina estava a dar à luz.
Então o rei partiu em 26 de abril de 1821 com a manutenção do Reino Unido. Isso até a Independência.