O Desenvolvimento Brasileiro após a Chegada da Corte

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Os treze anos que a Corte portuguesa permaneceu no Brasil implicaram profundas mudanças, pois ocorreu uma aceleração no câmbio dos elementos culturais da Europa para a colônia. A compreensão deste fenômeno é essencial ao entendimento da formação da identidade nacional, já que interferiu decisivamente na composição do nosso amálgama cultural junto com os elementos das culturas africanas e indígenas.

QUE BRASIL FOI ENCONTRADO PELA FAMÍLIA DE DOM JOÃO?

Mesmo fazendo parte do império português, a colônia brasileira encontrava-se, à época da chegada da família Real, imensamente atrasada com relação à sua metrópole. O Brasil era constituído por diversas capitanias dotadas de certa autonomia, entre as quais quase não existiam relações comerciais, ao passo que sobravam rivalidades. Essa desagregação territorial provocava a total ausência de identidade nacional na colônia. A própria política desenvolvida aqui pelo governo português acarretava o atraso da região. Para a corte, era interessante dificultar a comunicação entre as capitanias, pois evitando a abertura de estradas, era mais fácil combater o contrabando de ouro e diamantes. Medidas de manutenção das velhas práticas mercantilistas, como a proibição da instalação de fábricas e manufaturas na colônia, só ressaltavam a condição da economia local como complementar à economia metropolitana.
A colônia acabara de sofrer uma grande explosão populacional com a descoberta das minas de ouro e diamantes no fim do século XVII, que provocou uma migração maciça da Europa para o interior. Além disso, intensificou-se a importação de escravos negros para suprir a mão-de-obra das minas e lavouras no século XVIII. A população somava cerca de 3,5 milhões de habitantes (cerca 2% da população atual), dos quais apenas 1/3 eram brancos. A ocupação, predominantemente agrária, era mais concentrada na região litorânea com poucas cidades no interior.

E O BRASIL MUDOU DE CARA...

A transferência da sede do governo português para o Brasil, fato inédito na história das colonizações européias, em que os governos metropolitanos mantinham distância do território colonial, trouxe inúmeras transformações na cultura e nas estruturas econômicas e políticas do Brasil.

Para obter os recursos financeiros necessários à implantação de um centro administrativo, foi preciso tomar uma série de medidas que eliminaram as regras impostas pelo pacto colonial à produção e ao comércio de mercadorias. No arriar das malas, o regente Dom João (que só assumiria o reinado como D João VI em 1818, após a morte da rainha Dona Maria I) decretou a abertura dos portos às nações não aliadas da França fixando tarifas de importação em 24% para os produtos estrangeiros e em 16% para os portugueses. Esta alteração representava o rompimento do monopólio comercial entre a colônia e a metrópole. Dona Maria I revogou a proibição anterior de instalação de fábricas e manufaturas na região, o que abriu espaço para o florescimento das práticas industriais no território.
No intuito de recriar o modelo de organização administrativa da metrópole, inúmeros cargos foram criados, além de diversos órgãos, muitos dos quais prevalecem até os dias atuais. Criou-se o Banco do Brasil, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, etc. Inúmeras fábricas foram implantadas, o que, no entanto não garantiu o seu fortalecimento, pois faltavam incentivos financeiros.
Uma das principais conseqüências de todo este processo foi a exposição da economia brasileira ao domínio britânico. Acordos como o Tratado de Comércio e Navegação (1810), que estabelecia a cobrança de taxa de 15% na importação de mercadorias inglesas (taxa inferior à cobrada sobre os produtos portugueses), e medidas como a limitação ao tráfico de escravos favoreciam claramente a dominação inglesa.
A dinâmica da vida urbana e cultural da colônia foi radicalmente transformada. Foram implantadas escolas de medicina, a Impressão Régia, origem da imprensa oficial do Brasil, que veiculava as impressões do governo, a Biblioteca Real, O Jardim Botânico, além de museus, teatros e escolas, que promoveram o desenvolvimento de estudos científicos sobre a região. Para o desenvolvimento das artes, o governo português convidou um grupo de artistas, arquitetos e professores franceses, que viriam a influenciar o ambiente cultural brasileiro com a introdução do neoclassicismo nas artes plásticas em substituição ao Barroco.

Antiga planta da alfândega construída no século XIX no Rio de Janeiro.

Biblioteca Real

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Primórdios


A história da Biblioteca Nacional começa antes de sua fundação pois em 1º de novembro de 1755, Lisboa foi alvo de um violento terremoto, que ficou marcado em sua história, e que originou a um grande incêndio que atingiu, entre outros edifícios, o da Real Biblioteca, também conhecida como Real Livraria, considerada uma das mais importantes bibliotecas da Europa, àquela época. Com esta perda quase irreparável para os portugueses seguiu-se um movimento para sua recomposição, que foi prevista entre as tarefas emergenciais para reconstruir Lisboa após o incidente de 1755.
Real Biblioteca da Ajuda

Com a finalidade de levar a cabo essa missão, o rei Dom José I dePortugal e o ministro Marquês de Pombal empenharam-se em juntar o pouco que restara da Real Livraria e a organizar, no Palácio da Ajuda, uma nova biblioteca, que tornou-se importante pela composição de seu acervo o qual, em 1807, reunia cerca de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, incunábulos, gravuras, mapas, moedas e medalhas. Tal acervo foi aquele trazido ao Brasil após a vinda da família real em 1808, decorrente da invasão de Portugal pelas tropas francesas lideradas por Napoleão Bonaparte.

Mudança para o Rio de Janeiro

O acervo foi transportado ao Brasil em três etapas, das quais a primeira em 1810 e as outras duas em 1811. Inicialmente, a biblioteca foi acomodada nas salas do andar superior do Hospital da Ordem Terceira do Carmo(de acordo com o Alvará de 27 de julho de 1810), localizado na antiga rua de trás do Carmo, atualmente rua do Carmo, próximo ao Paço Imperial. No entanto, as instalações foram consideradas inadequadas e poderiam por em risco o valioso acervo, assim, em 29 de outubro de 1810, data da fundação oficial da Biblioteca Nacional, o príncipe regente editou um decreto que determinava que, no lugar que havia servido de catacumbas aos religiosos do Carmo, se erigisse e acomodasse a "minha Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Real Fazenda toda a despesa conducente ao arranjamento e manutenção do referido estabelecimento".

A sede atual


O constante e permanente crescimento do acervo da biblioteca foi essencial para a realização de um projeto de construção de uma sede que alcançasse à todas as necessidades da biblioteca, de forma que acomode adequadamente suas coleções. Baseando-se nisso, foi projetado seu atual prédio, que teve sua pedra fundamental lançada em 15 de agosto de 1905, durante o governo de Rodrigues Alves. A inauguração se realizou em 29 de outubro de 1910, durante o governo Nilo Peçanha.

O edifício da Biblioteca Nacional, cujo projeto é assinado pelo engenheiro Souza Aguiar, tem um estilo eclético, onde se misturam elementos neoclássicos e art nouveau, e possui ornamentos de artistas como Eliseu Visconti, Henrique e Rdolfo Bernardelli, Modesto Brocos e Rodolfo Amoedo.

O prédio esta situado na Avenida Rio Branco, número 219, praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e compondo com o Museu Nacional de Belas Artes e o Teatro Municipal um conjunto arquitetônico e cultural de grande valor.